Evangelho segundo S. Mateus 7,21-2721 «Nem todo o que Me diz: “Senhor, Senhor”, entrará no Reino dos Céus, mas só o que faz a vontade de Meu Pai que está nos céus.22 Muitos Me dirão naquele dia: “Senhor, Senhor, não profetizámos nós em Teu nome, e em Teu nome expulsámos os demónios, e em Teu nome fizemos muitos milagres?”.23 E então Eu lhes direi bem alto: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade”.24 «Todo aquele, pois, que ouve estas Minhas palavras e as observa será semelhante ao homem prudente que edificou a sua casa sobre rocha.25 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram e investiram os ventos contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava fundada sobre rocha.26 Todo aquele que ouve estas Minhas palavras e não as pratica será semelhante a um homem insensato que edificou a sua casa sobre areia.27 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram e investiram os ventos contra aquela casa, e ela caiu, e foi grande a sua ruína».
COMENTÁRIO:
21 «Nem todo o que Me diz: “Senhor, Senhor”, entrará no Reino dos Céus, mas só o que faz a vontade de Meu Pai que está nos céus.
Em hebraico, "dizer" ou "falar" alguma coisa, ou melhor, usar a "palavra", tem um caráter bastante específico. Trata-se de evocar um princípio de lei e de princípio cósmico de regência da natureza.
22 Muitos Me dirão naquele dia: “Senhor, Senhor, não profetizámos nós em Teu nome, e em Teu nome expulsámos os demónios, e em Teu nome fizemos muitos milagres?”.
A expressão "naquele dia" tem um peso muito maior que a de um simples dia. Biblicamente, o mundo foi "criado" em 7 dias. Quando se diz "naquele dia", não se está falando de qualquer dia, mas sim, "daquele dia", ou seja, do dia principal, do dia mais especial de todos. Daí se advém a lembrança do juízo final, do julgamento baseado na lei cósmica universal da natureza.
23 E então Eu lhes direi bem alto: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade”.
"Então Eu lhes direi...". A mensagem fala em dizer. Na vertade, trata-se da manifestação do princípio da lei cósmica universal. O trecho fala de alguém que praticou a iniquidade. Daí advém-se uma nítida contradição entre a palavra e a prática, a Lei e a Prática real dos seres.
24 «Todo aquele, pois, que ouve estas Minhas palavras e as observa será semelhante ao homem prudente que edificou a sua casa sobre rocha.
Aqueles que conhecem a Lei e a seguem será, segundo o trecho, "como o homem prudente que edificou a sua casa sobre rocha". Sobre rocha nos remete à idéia de concretude, de realidade, em contradição com palavra vã, vazia, comparável à areia que se esvai com o vento. A realidade concreta da vida, assim, é que determina o cumprimento da Lei (Palavra) cósmica universal.
25 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram e investiram os ventos contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava fundada sobre rocha.
Falou-se, acima, em chuva, rios. Tudo isso resume-se no elemento "água", com todas as suas características dentro da compreenção cultural da antiguidade. Também falou-se nos ventos que sopraram, elemento "ar". Finalmente, falou-se da "rocha", referente ao elemento "terra". Faltou qual? o elemento "fogo", que deve ser referenciado em algum outro trecho ou momento da narrativa. Contudo, ainda não corresponde ao presente comentário. Só o que posso falar sobre esse "fogo" é que ele é a expressão da própria "Palavra", da "Lei" que se manifesta.
26 Todo aquele que ouve estas Minhas palavras e não as pratica será semelhante a um homem insensato que edificou a sua casa sobre areia.
Ouvir as palavras remetem-nos ao conhecimento teórico da realidade ou, mesmo, ao proferir exterior da mensagem e da Lei Divina. A prática, a REALIDADE é que importa no sentido de constituir-se uma manifestação coerente e eficiente da Lei.
27 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram e investiram os ventos contra aquela casa, e ela caiu, e foi grande a sua ruína».
A ruína adveio de não se considerar a REALIDADE no cotidiano como essencial para a manifestação a teoria e da Lei que rege o universo.
O Realismo Eclético vem, a partir deste trecho bíblico, re-afirmar sua compreensão de que o Materialismo é a essência do universo, inclusive o humano. Tudo é matéria. Inclusive, a manifestação da cultura humana, o conhecimento, a "palavra" deve expressar, em última instância, a REALIDADE do cosmos universal.
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