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sábado, 12 de março de 2011

Materialismo Eclético e Provações Invisíveis: Mt 4, 1-11

provações invisíveis

Comentário: Mt 4, 1-11: Ano A – Iº Quaresma (13-03-2011)



1.       “Não podemos alimentar mais fantasias, mais “aldrabices políticas”. A Verdade é uma construção gradativa e dialogal, estará sempre misturada com a mentira da ignorância não assumida ou com a mentira de não assumirmos a nossa miséria.

2.       “O importante é o que não se diz”. Devemos sempre dizer; até é preferível dizer menos bem a não dizer nada, refugiando-nos num silêncio omisso e atávico. Mais do que se vê. Muito diferente, no olhar ético, é o que não se faz.

3.       “Pretender dizer tudo o que nos vem à cabeça”. Esta pretensão de frontalidade é opaca, não nos serve em termos de reciprocidade. Não podemos comer tudo o que queremos. O cérebro também filtra o ar das ideias poluídas, se assim não fosse aumentavam exponencialmente os actos falhos.

4.       “Melhor é impossível”. A nossa condição humana é o terreno mais seguro. A impossibilidade é real na medida em que todas as outras possibilidades, entretanto, já se encontram esgotadas. O fracasso é o lugar privilegiado da Ressurreição.

5.       “Não tenho tempo”. Somos feitos de tempo e sonhos. Não ter tempo é não ter vida. Não temos vida, somos vida. O tempo é dom e não relógio. Não ter tempo é viver do relógio e esquecer o dom: dádiva, doação, entrega.

6.       Tenho a certeza”. As nossas certezas não são nossas. As certezas reflectem o princípio da Incerteza, isto é, sabermos que não somos absolutos. A certeza é o Absoluto encarnado. Se não há absoluto não há certeza. Quanto mais encarnados mais certos. E o contrário é notório.

7.       “Deus não me ouve”. Deus é a palavra mãe. Palavra gerada e não criada. A audição da parte de Deus é providência divina e não previdência social. Deus não “monitora” a Natureza. A “surdez” divina revela a “cegueira” humana.

8.      “Não tentarás o Senhor teu Deus”. Ninguém sofre mais do que eu. Ninguém está mais injustiçado do que eu. Ninguém amou mais do que eu. Ninguém é ninguém, fora todos os meus outros “eus”. Cuidado com a inscrição: “dEUs”, esta grafia é altamente perniciosa. Sê humilde: a provação está integrada.




Por: Pedro José, Gafanha da Nazaré, 12-03-2011, 16H27. Caracteres (esp.incl.): 1999.





PARA LER MAIS: 
http://pedrojosemyblog.wordpress.com/
"O sentido da vida é a amizade. O sentido da amizade é a fé"- Pedro José

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